dezembro 27, 2010

se eu fizesse? (XIV)

Ivone:
- Olha, minha amiga, estás num beco sem saída.
A única coisa que te posso dizer, mas que em nada te ajudará, é que Deus dá nozes a quem não tem dentes. Aiii... porque não tenho eu um D. Juan como este?
Cláudia:
- Ivone... tu sabes o que estás para aí a dizer?
Queres dizer que se isto estivesse a acontecer contigo, andavas para aí toda excitada agarradinha aos papéis, a contar a toda a gente, aos pulos feita uma doida, toda cheia de amores, sem sequer te preocupares, um pouco, que seja?
Quanto mais não fosse, para saberes quem era o "D. Juan"?
Ivone:
- Cláudia, e tu vais-me dizer que isto não mexe nada contigo?
Que estas declarações de amor valem tanto para ti, ou menos, que os papéis a que estás agarrada, todos os dias, no trabalho?
Cláudia:
- Ivone, mexe, mexe mas com um sentir diferente do que tu estás para aí a fantasiar, e mais, já agora, esses papéis, aqueles a que estou agarrada todos os dias no...
Ivone:
- Minha querida, não digas mais. Blá...blá...blá... já sei, vais dizer que é graças a eles que tens dinheirinho ao fim do mês? É, tens razão...os outros não são nada.
Cláudia, não sejas parvinha. Eu também sou mulher, sei o que se sente. Olha, "os papéis", como lhes chamas, uns dão-te o dinheirinho, e estes? Cala-te, porque a mim... estes, causam-me um formigueiro no corpo, e não me são dirigidos.
Cláudia:
- Estás de todo. Definitivamente, se fosse contigo, andavas na boa e não te preocupavas em saber quem era? Recebias as declar...
Ivone:
- Amiga, e tu a dares-lhe. Quem quer que seja, mais dia menos dia, ou não resiste e apareçe ou, sem querer, vai ser denunciado, descai-se. Até lá, minha abençoada mal agradecida, huumm...vai lendo e sentindo. Entra na fantasia, como dizes que faço.
Olha...veio-me uma ideia. Cláudia, ouve isto: Porque não alinhas, de mansinho, arranjas uma maneira, sei lá, um sítio secreto, só teu e dele, e vais respondendo aos "papelinhos"? Tipo caixinha de correio...?
Cláudia:
- Ivone??? Tu sabes o que estás a dizer? Tens a mínima noção do que isso representa?
Tu não podes estar boa da cabeça. Achas que eu sou alguma doidivanas? Que alinho em qualquer converse-ta, assim, sem conhecer a pessoa, e mesmo que conheça, é logo andar "prá- frente" e pronto, vam...
Ivone:
- Cláudia, cala-te e olha esta. Começavas assim, agora...jááá. Alicia-o, respondendo, e vê como ele reage. Enquanto para aí falavas, que nem te liguei nenhuma, "trabalhei" para ti... lê.
.
Não sei quem possas ser,
por outro lado... já és "um Sol nascer".
Os teus raios me impedem de ver,
e o meu corpo começa a ceder.
Quem me toca, o que me faz ferver?
O que está a acontecer?
Quem és, e o que me queres fazer?
.
Gostastes... que dizes? Com esta era como se...se... olha, era como se pegasses nesta pedra e lhe...
Cláudia:
- Quietaaa... e dá-me a minha "pedrinha...".
.

dezembro 22, 2010

novembro 30, 2010

se eu fizesse? (XIII)

Cláudia:
- É assim que tem sido o meu dia.
Para além de estar a dar formação ao Thomáz, sempre que regresso ao meu posto de trabalho tenho uma surpresa... perturbante.
Ivone:
- De facto, não posso dizer que seja normal. Que tens motivos para estares nesse estado, mas o mais intrigante, ...
Cláudia:
- É, é alguém meu colega, se é o que vais dizer. Isso é a única certeza que tenho, e daqueles que são do meu núcleo de amizade mais chegado. Daqueles que me conhecem bem, com quem partilho "palavras que são letras minhas", mas quem? Não são muitos, mas são alguns e é isso que me perturba. Em nenhum deles, se evidencia um "tique" que me faça desconfiar.
Ivone:
- É, é mesmo uma situação estranha, mas apaixonante po...
Cláudia:
- Ivone? cala-te, pára de gozar comigo. Assim não me ajudas, não alivias a minha angústia.
Ivone:
- Pronto, pronto... acalma-te.
Diz-me uma coisa... Por acaso esse grupo de amigos, são só... os amigos, aqueles, aqueles... "os", ou também "as"?
Cláudia:
- Nem quero acreditar. Estás doida de todo, parvinha é o que és. Estás a perguntar-me se isto não poderá ser obra de uma... nãooo, não acredito no que oiço. Decididamente, estás mesmo a brincar comigo. Só me faltava essa, serem coisas de uma amiga que se apaixonou por mim. Uma mulher, haa... ai, tem juízo Ivone, queres mesmo aborrecer-me?
Ivone:
- Porque não? É assim tão estranho?
Cláudia:
- Ivone, tás louca? Tu sabes o que estás a dizer?
Ivone:
- Não é nada do outro mundo. É???
A loiça está na máquina, agora vou sacudir a toalha.
Cláudia:
- Pára, deixa lá a toalha e senta-te, mas sem babuseiras senão... senão corro contigo.
Ivone:
- Sim, vai falando que eu oiço. É já aqui na varanda, ninguém vê... olha, os putos na rua, é que andam a brincar contigo. Toma, uma bolinha de papel que estava ali. De papel, mas pesada.
Cláudia:
- Alguma pedra, e capaz de me partir um vidro. Deixa lá ver o que é este peso.
Ivone:
- Coitada, como tu estás. Agora já vês pedras embrulhadas em papel.
Olha, em que gaveta arrumo a toalha? Cláudia, oonnnde arruuummmo a toalha? Olha lá...
Cláudia:
- Olha? Então "Olha" tu... lê, lê e diz-me se ainda falta muito para a meia-noite, ou se o dia ainda está para durar e as dedicatórias a continuarem.
Ivone:
- Pois... Provávelmente o apaixonado não dorme. Que sorte a tua, aiii... deixa ver.
.
"Sem o teu calor, a tua companhia…
sou maré vazia.
Tudo que nela vivia, desaparecia,
não se sentia, nada mais existia.
Só Tu, és o rosto da sua alegria,
que em toda ela se via, a preenchia.
.
Dá a Ti, uma gota pensante.
Chama-me com esse teu semblante,
apaixonante,
onde me vejo teu amante…
Acariciando-te,
com a suavidade que o teu corpo me conjuga…
desejando-te.
Louco, envolvendo-te,
explorando-te incessantemente,
dando cor ao teu olhar, cativante,
brilhante,
que expressa o teu desejo que eu me liberte...
desta vazante,
dizendo-me…
Sim, sê meu amante".
.
Huuaauuu...Cláudia.
Mas... e pronto, que raio, mas lá estás tu agarrada a essa "pedrinha".
Afinal que pedra é essa que está sempre contigo? A que estava na varanda não serve?
.
P.S. Vou-me esforçando para vos comentar. Por enquanto, só vos visito e leio. É o que vos posso oferecer. Não se aborreçam, compensarei.

novembro 14, 2010

se eu fizesse? (XII)

Ivone:
- Cláudia, que se passa? De joelhos, na rua, a fazer o quê?
Cláudia:
- Ai Ivone, desesperada com o que me anda a acontecer. Vê, ainda não limpei tudo e percebe-se do que falo. Tem sido todo o dia, de várias maneiras.
Ivone:
- Mas, estás a dizer-me que alguém se... não, declaração de Amor? Eu conheço, é aqui da empresa?
Cláudia:
- Se mo disseres tu, eu agradeço. Deixa-me só acabar de limpar isto e já vamos falar.
Ivone:
- "A Flor...? Guarda-a e sente o meu amor". Huumm...
Cláudia:
- Ivone por acaso não estás a gozar comigo não?
Quando te contar tudo, eu quero ver o que vais dizer.
Ivone:
- Amiga, claro que não te estou a gozar. Est...
Cláudia:
- Pára... deixa-me ver se consigo disfarçar isto e já vamos conversar com mais calma se é que conseguirei estar calma.
Ivone:
- Pronto...pronto eu espero. Não stresses.
Ohh... a Flor desprezada em cima do carro. Aiii... que cheirinho bom e não é da flor. É perfume de homem e olha que só este cheiro... até a mim me deixa doida.
Cláudia:
- Decididamente não deixas de me gozar.
Ivone:
- Ok... eu calo-me, mas olha que não retiro uma letra ao que disse.
Cláudia:
- Finalmente... está disfarçado. Pelo menos já não se vê a escandaleira que aqui estava.
Ivone:
- Ingrata... Já me calei outra vez.
(Cláudia): Agora? Bem, vou pedir ao segurança que me deixe ir à casa de banho. Nahh...o melhor é ir para casa e tomar um bom banho. Isso...
Cláudia:
- Ivone, vamos para minha casa fazemos qualquer coisa para comermos e falamos com mais pormenor. Achas bem?
Ivone:
- Minha querida, excitada como estou, tu é que mandas. Eu quero é saber tudo.
Cláudia:
- Então vamos, levamos os dois carros porque, hoje, já não quero sair de casa. Quero descansar, sossegar esta cabeça.
Ivone:
- Minha querida, huum... ainda não sei de nada, mas a tua cabecinha ferve.
.
Cláudia:
- Bom, vou tomar um duche rápido. Faz o que quiseres enquanto esperas. Vai ao frigo e come...
não, podias ir adiantando e ías pondo a mesa, mas come sim.
(Cláudia): Ahh... que bom. Só este duche... vamos ver se recomponho esta cabeça. Ainda não consigo assimilar o que anda a acontecer. Estou a ficar paranóica, mas uma coisa sei... é alguém da empresa. O inacreditável é não conseguir associar uma pequena desconfiança e isso... ahh que bom este duche. Se não fosse ter a Ivone, bem que ficava aqui.
Ivone:
- Bolas, ía ver se tinhas adormecido na banheira.
Vá...vá, começa a dar à língua.
Cláudia:
- Deixa pelo menos ver o que vamos fazer para comer.
Ivone:
- Não é preciso, já bisbilhotei o frigorifico e já tenho uma lasanha no forno. Pode ser? Não vale a pena dizeres que não... já está. Talvez uma salada para acompanhar... Puxa Cláudia, começa a falar e deixa o comer. Olha... não é para mim, mas acho que já esgotei o cheirinho da flor, tantas são as vezes que a cheiro.
Cláudia:
- Para ficares já a fazer uma ideia, são bilhetes com poemas, é a flor, mas essa já conheces e, esta nem vais acreditar...
Ivone:
- Conta, conta que eu estou a ficar em choque. Caraças... eu não tenho a tua sorte.
Cláudia:
- Acreditas que este, este... este incógnito foi ao ponto de alterar o fundo do ambiente de trabalho do meu PC e...
Ivone:
- Ai a lasanha... bolas.
Cláudia, ainda tens fome? Eu já dispensava... estou sem tempo para comer, quero ouvir-te. Continuaaa... mulher, estás mesmo lentinha de todo.
Cláudia:
- Calma, dá-me tempo para... Ivone, ou queres saber tudo em pormenor ou...
Ivone:
- Ok, entendi. Olha, a lasanha está pronta, vamos comer.
Pareceu-me ouvir o teu telemóvel.
Cláudia:
- Deve ser a minha mãe. Vai-te servindo que eu não demoro.
Ivone:
- Tá, mas despacha-te. Estou a ver, por este andar, que hoje já não fico a saber mais nada.
Cláudia:
- É...? Tens a certeza? Então lê essa mensagem... tomaaa, segura no telemóvel e lê.
Ivone:
-
"A noite só é bonita...
iluminada pelo teu corpo.
É...És a estrela que mais brilha,
mostrando que o céu não está morto.
Vagueio nesse "espaço"... com vida
e anseio beijar-te numa loucura... desmedida.
Acariciar esse brilho... sedutor,
sentir a tua pele, o teu calor...
e ferver...
envolvendo-te com o meu Amor..."
.
Está anónimo, o número.
Cláud...
Cláudia... Que estás a fazer? Aí sentada, com essa cara e a beijar essa Pedrinha?
.
P.S. Peço desculpa a todos os Amigos que me visitam, pela ausência da minha retribuição. A saúde trai-nos, como expresso no meu blogue da Bipolaridade. É em esforço que actualizo este blogue, mas é a minha "terapia" e tinha de o fazer.

outubro 31, 2010

se eu fizesse? (XI)

(Cláudia): Vou para o carro enquanto espero pela...puxa, o telemóvel a tocar, quem será? Olha não podia ser boa, é a Ivone...
Cláudia:
- Ivone, estava a pensar em ti, mas diz.
Ivone:
- Olha, o trânsito está terrível. Vou demorar.
Cláudia:
- E tens alguma coisa combinada? Não dá para vires?
Ivone:
- Não, não tenho nada combinado.
Cláudia:
- Ah... então eu espero. Estou dentro do carro.
Ivone:
- Mas há algum problema?
Cláudia:
- Não, quer dizer...não sei. Depois falamos vá, deixa-te de conversas e vem.
(Cáudia): Ainda não estou em mim. O que me havia de acontecer e o como está a acontecer. Pior ainda...quem és tu?
Autêntica declaração de amor...
Posso desconfiar do Fernando, pelas suas bobagens. Posso desconfiar do Thomáz, afinal anda todo o dia comigo, não sei... primeiro dia, tão pouco tempo.
Qualquer um deles tem tido oportunidades de deixar estes... meu Deus, como vou chamar? Declarações? E são declarações, Cláudia.
O Fernando pode fazê-lo, aproveitando o eu andar com o Thomáz. O Thomáz, também teve momentos sem mim, poucos, mas teve. Quando fui à casa de banho, só aí demorei bastante depois, o departamento de vendas. Houve tempo suficiente para o Thomáz o fazer. Ah... mas não tinha tempo para alterar o ambiente de trabalho do PC. Ahhh... e agora me lembro, minha nossa, o Fernando queria falar comigo. Nunca mais me lembrei e ele também não me ligou... UUhhhh, porrinha. Ai a minha cabeça, ando completamente fora de mim. É o andar com o Thomáz e estes...bolas, estes quê? Bem, agora não vale a pena pensar. Amanhã, quando chegar, será a primeira coisa a fazer. Ligo para para o Fernando, peço desculpa e disfarço, usando o Thomáz. Digo-lhe que estava presa nos papéis e explicava ao Thomáz. Bem, e é a verdade. É... ele não me vai dizer nada.
Cláudia... toma tino nessa cabeça. Não é o trabalho que te anda a pôr assim, são as declaraç... nossa, o telemóvel a tocar.
Cláudia:
- Estou, Ivone? Diz.
Ivone:
- Mais 15 minutos.
Cáudia:
- Tá, eu estou no carro. Olha, está estacionado no parque e mesmo em frente ao café.
Ivone:
- Tá.
(Cáudia): Mas que confusão que vai na minha cabeça.
Bom... uma coisa é certa, quem o faz... sabe fazê-lo. Aquece o coração de uma mulher. Eu só gostava de saber quem é.
Há momentos em que gostava de ser uma mosca e estar poisada sem que ninguém me visse. Assim, já não estava nesta aflição.
Bem, isto vai ter um fim, só não sei qual e quando. Mas, e... e será que ele me vê, a ler o que me escreve? Será que eu olhando em redor, poderei estar a vê-lo? Ahh... que sussstooo.
Cláudia:
- Ai Sr. Segurança... dessa maneira? Bater no vidro do carro, assim pos...
Segurança:
- Calma D. Cláudia. Vá, acalme-se que sou eu.
Cláudia:
- Pois, agora vejo que é o senhor. Faça-me outra e eu morro.
Segurança:
- Nossa, D. Cláudia. Não é caso para tanto.
Cláudia:
- Diz o senhor, ponha-se no meu lugar e eu quero ver. Mas, há algum problema?
Segurança:
- Não sei se é problema. Afinal, a D. Cláudia está no carro, já deve ter visto.
(Cláudia): Pedrinha... ???
Cláudia:
- Mas visto o quê?
Segurança:
- Atrás do seu carro, o que está atrás do seu carro.
Cláudia:
- Atrás do meu car...
Aiii homem... saia-me da frente.
(Cáudia): Não...Não...
Segurança:
- Sente-se bem D. Cláudia? Não me diga que não tinha visto?
Cáudia:
- Não, não tinha visto!
Eu saí pela porta de serviço e fui direita ao café. Quando vim para o carro, venho de frente e...
não dá para ver o que está atrás do carro.
(Cláudia): Mas o que é isto, Cláudia???
Cláudia:
- Está a rir-se?
Segurança:
- Peço desculpa, D Cláudia. Vou ali para a porta, para o meu posto. Peço desculpa, julguei que já sabia. Boa noite, D. Cláudia.
Cláudia:
- Diga? Si...
Boa noite...
(Cáudia): Mas... Ai, não sei que dizer. Como foi esta? Se não está escondido... não estou a ver ninguém por perto.


Mais uma declaração. Tudo pintalgado, tenho de limpar...rápido, até o segurança me gozou. E a flor, que lhe faço??? Vais responder... Pedrinha?

(foto: Net, Arranjo: sérgio figueiredo)

outubro 18, 2010

se eu fizesse? (X)

Cláudia:
- Bom... Thomáz, as apresentações estão feitas. Penso não ter esquecido nada nem ninguém, claro, menos quem está ausente, mas tudo que havia para conhecer, foi revelado. Agora, vem o mais importante. Toda a nossa atenção vai ser determinante aqui, no nosso departamento.
Temos de ser rápidos, por outro lado, demore o tempo que precisar para ficar, tanto quanto possível, o mais esclarecido, não deixando as dúvidas consigo. Perguntas... faça-mas quantas quiser.
Thomáz:
- Cláudia, para já quero agradecer a sua entrega, admiro o seu profissionalismo. Quanto ás perguntas, sabe que irão ser muitas, mas sei que compreende e posso contar consigo. Estou confiante. O Fernando ficará contente connosco, o departamento vai funcionar como ele quer.
Cláudia:
- Então vamos a isto.
Thomáz:
- Cláudia, se não for pedir muito, deixa-me ir buscar um cafézinho?
Cláudia:
- Claro.
Thomáz:
- Sabe, o café liberta-me deste nervoso. Quer um para si?
Cláudia:
- Para mim não, obrigado, e não há motivo para estar nervoso. Tem competência para assumir o que lhe é pedido. Olhe... as horas passam sem dar-mos por elas e já falta pouco para terminar este dia. Prepare-se para o amanhã, mas até lá... trate de descontrair.
Tomáz:
- Ehhh... tem razão. Nem se dá pelo tempo. Vou mesmo arranjar maneira para descontrair.
E a Cláudia? Ah... Desculpe a pergunta.
Cláudia:
- Não faz mal. Não sou de formalismos, como já deve ter visto.
Hoje, saio daqui meto-me no carro e vou jantar com uma amiga. Fazemos muitas vezes isto, é já um hábito nosso. Moramos as duas sózinhas e assim, olhe, é como disse, descomprimir... e hoje bem preciso.
Thomáz:
- Está estoirada, por minha causa?
Cláudia:
- Ahh... não diga isso. São outras coisas, nada consigo, Thomáz.
Bem, já lhe dei essas pastas e aí pode ver os nossos fornededores. É importante começar a ver com quem nos relacionamos e o peso que cada um tem para nós. Aqui, no departamento, o nosso trabalho é a relação da empresa com eles.
Thomáz:
- Nomes de grandes empresas. Revela a importância da nossa.
Cláudia:
- Thomáz? Hora de sair. Amanhã começará a ser mais pesado. Vá... e deite fora esses nervos.
Thomáz:
- Sim, e a Cláudia?
Cláudia:
- Não vou demorar. Vou só enviar um mail e corro até à porta de saída.
Thomáz:
- Tem a certeza? Não precisa de qualquer ajuda?
Cláudia:
- Até amanhã... fuja daqui que está na hora.
Thomáz:
- Bom, se assim é... até amanhã, Cláudia.
Cláudia:
- Até amanhã, Thomáz.
(Cláudia): Bem, vamos lá. É só enviar este mail, ir à casa de banho e vou aliviar a minha cabeça. Hoje foram muitas emoções.
Pronto... está tudo. Ahh... a chave do carro? Já cá ficava.
Ora... já nem me lembro onde o estaci... está ali. O comando e... vamos embora. Oh... um papelinho na porta. Lá vêm os compradores de carros, ou os astrólogos... deixa ver.

Passeava por caminhos do nada
e uma voz, subitamente, suava.
Não percebia o que dizia,
mas senti que cantava
e encantava.
Olhei...Olhei
e cego continuei.
Cada vez mais perto,
cada vez mais alta.
Algo me estava em falta
e começava a doer.
Continuava alta e eu,
sem nada ver.
No ar, um perfume
e dentro de mim, só lume.
Cada vez mais perto,
cada vez mais alta.
O perfume em mim se entranhava
e eu, cansado,
nem sei onde...
descansava.
É aí que sinto,
beijando o meu ouvido,
já num tom gemido,
uma voz a sussurrar-me.
Queria dizer...
amar-me,
sentir as minhas mãos tocar-lhe.
Virei-me e uma flor... vi.
Inclinou-se, de novo,
ao meu ouvido e disse-me...
Fica comigo,
sou tua,
ou leva-me contigo.
.
DIZ-ME QUE ÉS TU, CLÁUDIA
QUE NÃO FOI UM SONHO
.
(Cláudia): Telemóvel, onde estás? Encontrei... atende vá. Amiga? Vem ter comigo. Estou à porta da empresa. Não perguntes nada e vem... rápido. Aiii...
Pedrinha... e tu?
.

outubro 11, 2010

se eu fizesse? (IX)

Fernando:
- Cláudia, que se passa, sente-se bem?
Desculpe dizê-lo, mas está mais branca que a cal da parede.
Cláudia:
- Não...Nada de preocupante. Apenas uma pequena indisposição.
Fernando:
- Mas quer que a leve a algum lado?
Cláudia:
- Claro que não. Logo, logo, já passou. Obrigado
Fernando:
- Bem...não faça cerimónias e se precisar...diga-me.
Thomáz:
- Cláudia, escuso de dizer que estou ao dispôr. Sabe isso, certo?
Cláudia:
- Obrigado Thomáz. Assim que começar a comer o rodízio, humm... logo sou outra.
Fernando:
- E não podia ser melhor. Aí vem ele.
Bem... o melhor é tirar o casaco e atirar-me a ele.
(Cláudia): Não nego que o cheirinho convida e a minha barriga, apesar de tudo, dá sinais de vazia.
Fernando:
- Thomáz... o aspecto, já lhe diz alguma coisa?
Thomáz:
- O aspecto e o cheiro.
Fernando:
- Cláudia, que diz?
Cláudia:
- Sim. Combina com a fome que sinto.
Fernando:
- Então... Bom apetite e vamos a isto.
Ah...Cláudia, mandei vir tintinho. Está bem para si?
Cláudia:
- Óptimo.
Thomáz:
- Maravilhoso.
Fernando:
- Não percebi Thomáz.
Thomáz:
- Estava a dizer que está maravilhoso.
Fernando:
- Eu não lhe disse que a nossa "Claudinha" brilhava nas escolhas.
Cláudia...então?
Cláudia:
- Está tudo bem. Caíu o garfo, peço já outro.
(Cláudia): "Claudinha"... ???
Fernando:
- Thomáz, embora não querendo falar de trabalho, neste momento, como está a reagir com o que já conhece?
Corte-me mais uma fatiazinha dessa, se faz favor.
Isso... está bom. Obrigado
Thomáz:
- Fernando, claro que numa manhã, muito pouco. Apenas me permite observar, para já, a estrutura física e "potencial" organização da empresa. Os vários departamentos, os colegas e suas funções. Preciso de mais tempo, claro, para começar a familiarizar-me com a empresa no seu todo.
Fernando:
- Sem dúvida, mas...a Claudinha? Está a deixá-lo tranquilo, quanto ao que queremos de si, ou são mais as dúvidas que... hummm, este rodízio está óptimo, não acham?
Estou é a vê-lo, a si e à Claudinha, com os copos vazios. Com licença, deixem-me dar cor aos vossos copos.
Cláudia:
- Fernandooo... chega, isso já é muito.
(Cláudia): "Claudinha", outra vez. Bom, mas é preferível só o "Claudinha", que depressa esquece, do que ir por aí fora com outras piores. Assim está bem...só trabalho.
Thomáz:
- De facto, está divinal.
Fernando:
- O quê? A Cláudia ou o almoço?
(Cláudia): Pronto... não se pode elogiar. Aí está o Fernando com as dele...
Thomáz:
- Olhe, pegando nas suas palavras... a Cláudia e o almoço.
(Cláudia): Outro...
Fernando:
- E se pedíssemos mais uma dose...ou duas?
Thomáz:
- Por mim, não podia estar melhor do que estou.
Cláudia:
- E para mim, já foi abusar.
Fernando:
- Eu também estou bem, mas se vocês alinhassem...eu não recusava mais um pouco. Ahh... mas agora a sobremesa e cá está mais uma coisa que deixo nas mãos da Cláudia. Humm...mais doce que ela será difícil encont... Então Cláudia, outra vez engasgada?
Cláudia:
- É...simm, desta vez engasguei.
(Cáudia): Era inevitável. Aí está o Fernando com as dele. Só gostava de saber porquê? Ele nunca se demonstrou assim comigo. Aí estão os suores...não sei se é do vinho ou o Fernando. Acho que vou à casa de banho.
Cláudia:
- Fernando, antes de irmos vou, rapidinho, ao wc.
Thomáz:
- Está mal disposta, Cláudia?
Cláudia:
- Não, não... é só para ir aliviada.
(Cláudia): Lavo a boca, refresco a cara...será que eu ando a exagerar, a valorizar demais as "babuseiras" do Fernando? Será para dar a entender ao Thomás, o seu ar brincalhão? E tu, pedrinha... não me dizes nada? Continuas com o teu brilho, o teu cheirinho, o teu encanto que me acalma, mas... não é isso que sinto. Aiii...Deixa-me ir.
Fernando:
- Sente-se bem, Cláudia?
Cláudia:
- Muito melhor, sem dúvida.
Fernando:
- Nota-se, na sua cor.
(Cláudia): Aiii... e tráz a sua mão ao meu queixo, virando a minha cara para o Thomáz. Que dor de barrigaaa...
Thomáz:
- Muito mais rosadinha. Então vamos?
(Cláudia): Uiii... querem ver que é já aqui que faço? Vá, Cláudia, massaja a barriga, tenta acalmar-te... Bem, vou aguentar e nem demoro mais.
Cláudia:
- Estou pronta.
(Cláudia): Chegámos. Agora é que vou à casa de banho.
Cláudia:
- Thomáz, vou só à casa de banho e quando vier, vamos ver os dois departamentos que faltam.
Thomáz:
- Certo. Ahh...não esconda. Noto que algo está a mexer consigo, só não quis dizer junto do Fernando.
Cláudia:
- A mexer comigo... como assim?
Já falamos. Eu não demoro.
(Cláudia): Mau... agora o Thomáz? Não, é apenas simpatia. Ele mal me conhece. Vá...vá... deixa de pensar Cláudia.
Thomáz:
- Então... melhor?
Cláudia:
- Sim. Vou só ver se tenho algum mail importante e seguimos. Não podemos abrandar.
Ai meu Deus... mas...
Thomáz:
- Cláudia?
(Cláudia): O que é isto??? Quem mexeu no meu PC? Ahh, alteraram o ambiente de trabalho ...




Não...não...não. Isto não é verdade... Quem és tu? E tu... pedrinha, diz-me... porquê? Quem é este "desconhecido", que me persegue?
Thomáz:
- Cláudia... algum problema?
.
(foto, arranjos e poema: sérgio figueiredo)

setembro 26, 2010

se eu fizesse? (VIII)

Cláudia:
- Vou só buscar o casaco.
(Cáudia): Pedrinha... vamos e que acabe depressa. Entretanto deixa-me guardar esta carta dentro da mala. Ainda não estou em mim.
Fernando:
- Estamos prontos? Vamos embora? Thomáz, já lhe deram o carro da empresa?
Thomáz:
- Sim... sim, já o tenho Fernando.
Fernando:
- Óptimo. Então vamos no seu carro.
Thomáz:
- É aquele que está ali.
Fernando:
- Eu vou atrás.
Cláudia:
- Fernando, nem pense nisso. Vai à frente com o Thomáz.
Fernando:
- Cláudia, não é escolha, é palavra de chefe. Vá... vamos lá. Thomáz, o carro só tem um contra, tem duas portas.
Thomáz:
- Bem, agora têm de me dizer para onde vamos.
Fernando:
- Ahh... hoje vou deixar à escolha da Cláudia. Eu sei que ela brilha com as suas escolhas.
Cláudia:
- Sr.director...Fer, Fernando, não me faça isso. O senhor é que decide.
Fernando:
- E está decidido. A Cláudia é que sabe onde vamos almoçar. Posso ajudá-la um pouco... Hoje, alinhava num bom Rodízio de carne. Que dizem?
Thomáz:
- O Fernando manda, parece-me bem. Só preciso de saber onde e qual o caminho.
Fernando:
- Cláudia, não está pelo Rodízio? Está tão calada, prefere o de peixe?
(Cláudia): Porquê... porquê eu? Pedrinha, não te estou a sentir aliás, nada em mim eu estou a sentir. Quem diria que ia ter um começo de semana assim? Ontem, andámos tão bem. Eras tu e eu, naquele "templo" de aragem pura, caminhando descalça naquela areia, humedecida pelas ondas daquele mar bravio e sentin...
Fernando:
- Cláudia??? Estamos à espera.
Cláudia:
- Desculpem. Sr. Fernando não me ocorre... não sei, talvez aquele no cais junto ao par...
Fernando:
- Ahh... Já sei. Excelente escolha Cláudia. Eu não lhe disse Thomáz? A Cláudia brilha. Vamos embora Thomáz. Por ali... aquela estrada à direita depois, na primeira à direita, outra vez, e por fim, sempre em frente.
(Cláudia): Desta safei-me, Ufff...
Fernando:
- Então, foi assim tão difícil, Cláudia? A Cláudia surpreende-me todos os dias. É ou não é Thomáz? A nossa Cláudia vale ouro.
Thomáz:
- De facto, só numa manhã, companhia e simpatia...
Fernando:
- Thomáz, é aquele ali. Agora é ver lugar para o carro.
Thomáz:
- Que tal ali, onde está a sair aquele? Até fica à porta.
Fernando:
- Ora vamos lá saborear um magnifíco rodízio de carne.
(Cláudia): Ahh... deixa-me sair e respirar. Oxalá o Fernando escolha mesa no varandim. Estou demasiado quente para ficar no interior.
Thomáz:
- Agradável, não conhecia.
Fernando:
- Ohh... ainda vai ver mais. Não é Cláudia?
(Cláudia): Mas que grande enigma. De quem será esta carta? Só pode ser de alg...
Fernando:
- Não é Cláudia? Cláudia??? Huumm... hoje está diferente. Algum problema?
Cláudia:
- Desculpe Fernando, não ouvi.
Fernando:
- Thomáz, você fez algum mal à Cláudia?
Thomáz:
- Fernando... como me atrevia?
Fernando:
- A nossa Cláudia está, quer dizer, não está cá.
Cláudia:
- Fernando, enquanto escolhe a mesa, vou à casinha.
(Cláudia): Deixa-me pendurar ali o casaco e vou refrescar-me. Ai... só espero que o Fernando escolha uma mesa no varandim. Hoje não estou para almoços...nem no refeitório da empresa. De quem será esta carta? Bem...vamos lá.
Fernando:
- Está bem aqui Cláudia? Tem de estar, já me sentei.
(Cláudia): Eu sabia. Tinha de ser cá dentro. Bem, mas não está quase ninguém. Lá fora está mais gente.
Cláudia:
- Sim, Fernando. Para mim qualquer lugar serve.
Thomáz:
- Bem, nem vale a pena ver a ementa?
Fernando:
- Ver pode ver, mas já está escolhido. Cláudia, hoje está coradinha. Já sei... ontem andou a passear com o Sol, foi?
Cláudia:
- Por acaso foi. Desculpem, vou só buscar os meus lenços de papel ao casaco.
(Cláudia): Bem, começam as perguntas e eu mais corada que as carnes grelhadas. Ah... não estão aqui, devem estar na mala... espera, já encontrei. Não, é um papel...

A madrugada se vai vestindo,
de luz e movimento.
Meu coração aguarda,
na janela,
o ansiado momento.
Bate...
chorando lágrimas de sangue,
colorindo de vermelho
as pedras da calçada.
Desenhando a passerelle,
pronta para ser usada,
apenas,
com teu caminhar,
pela tua passada.
És leveza, suavidade
e teu perfume,
que escorre pelo teu corpo,
mo deixas,
soubesses tu, que com ele alimentas
o amor que ferve comigo,
esperando o dia que estarei contigo.
...
.
Sabes Cláudia...
(Comprei um caderno onde vivem, apenas,
linhas vazias.
Aguardam, cada uma, cada folha, palavras minhas,
retratos do meu coração.
São para ti...
desde o dia que te conheci.)
.
(Cláudia): Aiiii... PEDRINHA, por favor... PEDRINHA, está a acontecer desde que te tenho comigo. Foi na gaveta e agora, no casaco. Estou perdida e sem ninguém que eu possa desconfiar.
.
(poema: sérgio figueiredo)

setembro 20, 2010

se eu fizesse? (VII)

Cláudia:
- Thomáz, temos, apenas, dois departamentos para o apresentar e dar-lhe a conhecer. Que acha? Estamos perto da hora do almoço, eu tinha pensado em fazer toda esta parte das apresentações de manhã, mas talvez seja confuso para si. Se parasse-mos e logo a seguir ao almoço, fácilmente se fazia e depois era só no nosso?
Thomáz:
- A Cláudia manda e eu faço. Parece-me bem, parar um pouco e fazer como diz, agora... não me trate por você.
(Cláudia): Ai...ai...Será que vem mais alguma coisa ou o Thomáz fica por aqui?
Cláudia:
- É, fazemos assim e o pouco tempo, até ao almoço, o Thomáz vai-se...vais-te "entretendo" a ver uns papeis, uns documentos.
Thomáz:
- Vamos a isso.
Cláudia:
- Thomáz, então é assim. Estas três pastas são como que um diá...
Thomáz:
-Huumm...Desculpa Cáudia, mas tens um cheirinho bom. Que perfume é?
(Cláudia): Não...não acredito.
Cláudia:
- Nem sei, tenho vários e não reparei qual deles usei.
Dizia: São como que um diário. Assuntos resolvidos e prontos a serem assinados pelo Sr. director. Estã.....
Thomáz:
- Olha que o director não gosta que o trates assim.
(Cáudia): Santo Deus. Outra interrupção e eu, o tema principal. Que voltas que sinto na minha barriga... Casa de banho, para descarregares e refrescares a cara.
Cláudia:
- Tens razão Thomáz, ainda não me habituei. Como eu dizia, as pastas estão, como podes ver, por assunto. Umas são sobre situações, simples, com os fornecedores outras, têm a ver com pagamentos aos fornecedores e só, nada mais se mistura. Esta terceira... Não, para já ficam essas duas.
Ficas já a conhecer alguns fornecedores da empresa. Atenção... apenas para ires dando uma vista de olhos. Não te esforces em fixar. Isso será aos poucos.
Entretanto aproveito e vou ao departamento de vendas. Eles têm muito a mania de deixar para o fim, determinados papeis e depois, somos nós, aqui, que levamos na cabeça. Fica à vontade.
(Cláudia): Safa-te, vai à casa de banho, aliviar, refrescares-te. Ai minha "pedrinha" só tu podes avaliar o estado em que me encontro.
Ahh... sente, sente a minha cara, a minha pele, o meu peito, estou a pedir-te demais? Vá, dá-me a tua companhia, dá-me de ti o muito que puderes, humedece meus lábios. Só tu me tens valido. Bom, vamos lá. Primeiro o departamento de vendas. Faço o que tenho a fazer, dou dois dedos de conversa e... bolas, faltam 15 minutos para o almoço. Lá vou eu a correr para o departamento e dar atenção ao Thomáz.
Cláudia:
- Então Tomáz, demorei muito tempo?
Thomáz:
- Nem dei por ele. Estou aqui a ver o que me deixaste.
Cláudia:
- E não apareceu ninguém?
Thomáz:
- Ninguém
Cláudia:
- Ópti.....
Thomáz:
- Ahh...telefonou o director para lhe ligares.
(Cláudia): Que será desta? Bem, deixa-me ligar.
Cláudia:
- Sim Fernando, ligou para mim, diga.
Fernando:
- Cláudia, tem alguma coisa combinada para o almoço?
Cláudia:
- Não, vou ao refeitório.
Fernando:
- Não, não vai. Vamos almoçar fora com o Thomáz. É o primeiro dia dele, vamos mostrar a nossa simpatia e falar com ele, mais em particular. Esperem aí no gabinete que eu não demoro.
(Cláudia): Bolas, "pior?" Não me podia acontecer.
Aiii... esta vinda do Thomáz, está a pôr-me que nem eu me conheço.
Cláudia:
- Thomáz, vamos almoçar com o Fernando. Não tinhas nada combinado?
Thomáz:
- Não. Até estava à tua espera para me orientares.
Cláudia:
- Pronto, então vamo-nos preparando.
(Cláudia): Ai... o quanto me custa, já tenho as pernas a tremerem. Mas porquê?
Concentra-te Cláudia. Vou já tirar da gaveta as coisas que vou levar... o que é isto, um envelope? Sem qualquer nome...nada. Vou abrir, está aqui é para mim.

Sonhei-te a meu lado
e contigo vivia.
Olhava a tua boca e sentia,
o quanto me dizia,
falava
e a minha se calava.
Louco te procurava,
louco te amava.
Minha boca selou,
quando te encontrou.
Tua boca se calou
e meu coração te
gritou...
Aqui estou...
.
(Cláudia): PEDRINHA... Parece que tenho lume nas mãos. A minha cabeça deixou de pensar, não sei que dizer...ou se quero dizer alguma coisa.
Thomáz:
- Cláudia...Cláudia, está aqui o Fernando, vamos.
Cláudia:
- Va...mos? Onde?
.
(poema: sérgio figueiredo)

setembro 14, 2010

se eu fizesse? (VI)

Cláudia:
- Não Sr. Director, não sou casada.
Director:
- Então Cláudia, o que combinámos?
Cláudia:
- Desculpe, Sr. Direc… Fernando.
(Cáudia): Mantenho as mãos, suadas, trémulas, debaixo da mesa e em cima das minhas pernas, esfregando-as.
Director:
- Não me diga que também é divorciada?
Cláudia:
- Não, não sou... Fernando.
(Cláudia): digam-me quando é que isto acaba. Acho que não vou aguentar com tanta pergunta. Que é que eu faço?
Fernando:
- E esta thomáz? A nossa Cláudia também é solteirinha. Bom, vou deixá-los a sós e... Cláudia, trate bem do Thomáz. Olhe que eu quero-o bem preparado para ver se damos uma volta naquele departamento. Vamos ver se é agora que o lugar fica preenchido.
Cláudia:
- Sim Sr...Fernando.
(Cláudia): Caíu-me o coração ao pés. Eu não aguentava nem mais um minuto.
Thomáz:
- Cláudia, sente-se bem?
Cláudia:
- Sim Thomáz, estou bem. Acho que o café não me caíu bem, mas passa.
(Cláudia): Levanto-me, pego na minha chávena e na do Thomáz mas…
Thomáz :
- Que está a fazer Cláudia?
Cláudia:
- Vou só pôr as chávenas no tabuleiro de sujos.
Thomáz:
- Nada disso, eu levo.
(Cláudia): Bem, esta apresentação tem de acabar da parte da manhã. É suposto, depois do almoço, começar a parte prática, mexer nos papéis e a referenciar a nossa função na empresa, no departamento.
Percorrendo, então, os corredores, eis que à saída do departamento de pessoal, damos de caras, novamente, com o director e, logo de imediato me diz.
Fernando:
- Cláudia, ainda bem que a vejo. Esqueci de lhe dizer que, aí por volta das 18 horas, vá ao meu gabinete. Quero falar um pouco consigo. Deixe o Thomáz a tomar conhecimento de alguma papelada e vá ter comigo.
(Cláudia): Estou encostada à parede, quase sem respirar. Não há motivo, ele é meu patrão e quer falar de trabalho. Estou a tentar convencer-me disso mas...não consigo, é mais forte. Tenho a cabeça a ferver, não paro de imaginar o que ainda não aconteceu. Mas…não aconteceu o quê, Cláudia?
Porquê, porquê este meu estado, porque reajo assim, viver imaginando? E o que é que eu estou a imaginar? Nada…ou estou?
Ai… tenho o Thomáz à minha espera. Não posso demonstrar esta minha aflição, esta minha insegurança, perturbação. Tenho de esconder esta cara, de certeza bem vermelha, porque quente...está ela. Mostrar ao Thomáz a Cláudia, segura e zelosa, no meu trabalho.
Thomáz:
- Ohh…lá…lá, o director não pára de a “requisitar”. Temos aqui um fraquinho à vista? A Cláudia desculpe-me.

(Cláudia): Pedrinha, estás comigo? És tudo o que eu quero agora. Não consigo dizer uma palavra. Dá-me, dá-me a tua frescura, a tua paz. Ajuda-me a raciocinar, a acalmar.
Pedrinha, que se passa comigo?
.

setembro 05, 2010

se eu fizesse? (V)

(Cláudia): Que me lembre, é a primeira vez que estou à mesa na companhia do meu director.
A conversa está a ser muito profissional, digamos que o Director está, também, a dar alguma “formação” ao Thomáz.
Escuto, quero sentir o que me possa estar a escapar ou o que possa aprender. Bom... mas no meio disto, sinto-me como alguém que está a mais nesta mesa. A conversa está entre os dois e eu, com a sensação de não existir, nem sequer me olham. Por uma lado, que bom, mas por outro, esquisita esta sensação. Ás vezes não me entendo.
Estou cada vez mais nervosa, incomodada. Agora sim, acho que bebia mais um café. Estou com o desejo enorme de ficar sozinha, de ir para a minha secretária. Preciso respirar, acalmar, estar no meu cantinho.
Director:
- Thomáz, que diz da nossa Cláudia?
(Cláudia): Valha-me Deus. Passei a personagem principal da conversa. Os dois a falarem de mim e agora, a observarem-me fixamente.
Thomáz:
- Muito eficiente, sabedora e está a ser uma óptima professora.
(Cláudia): Ambos Sorriem e eu também, embora, pela força dos nervos..
Director:
-Ó Thomáz... e bonita, não acha? Cláudia sabe que o Thomáz é licenciado em Gestão?
Cláudia:
- Não Sr. Director. Ainda não sabia.
Director:
- Fernando... Cláudia, Fernando.
Cláudia:
- Tem razão… Fernando.
Director:
- E também deve ser um bom rapaz. É solteiro.
(Cláudia): O Director sorri e eu, cada vez mais nervosa e sem saber para onde olhar. Que raiva… porque é que ainda aqui estou?
Thomáz:
- Fernando... divorciado. Sou divorciado.
Director:
- Ah…é a mesma coisa. Ó Cláudia, até parece mal, mas já que estamos nesta, é casada?
(Cláudia): Pronto…agora já nem consigo fugir. Fiquei colada à cadeira. A minha pedrinha? Nem a sinto, de tão gelada e suada e não é só a mão, sou toda eu.

E eles, com seus olhos em mim, à espera da minha resposta…Pedrinha???
.

agosto 31, 2010

se eu fizesse? (IV)

De boa apresentação, figura bem cuidada, cabelo grisalho, fato cinzento-escuro, camisa azul clara e gravata azul escura. Este é o Sr. Thomáz, que foi "entregue" a Cláudia, para fazer a visita pela empresa, pelos vários departamentos e ser apresentado a todos os colegas.
Cláudia: A primeira palavra que trocámos foi a nossa apresentação, agora, que estamos os dois sozinhos, num tom mais informal. À primeira vista, deu para notar a sua voz bem suave, palavras pausadas e apresentando a imagem de alguém muito calmo e social.
Percorria os vários departamentos da empresa e, enquanto isso, nos intervalos destas apresentações sempre havia tempo para uma conversa extra e um pouco mais relacionada connosco, quer dizer, sobre as funções que irá desempenhar no departamento. Não me parece que seja uma pessoa com dificuldades em estabelecer o diálogo.
O tempo corre e estamos a meio manhã, as apresentações continuam mas, recebo uma pergunta do Thomáz.
Thomáz:
-Habitualmente não há um tempinho para tomar um cafezinho?
Cláudia:
- Claro que existe esse tempo.
Thomáz:
- Então podemos? Deixa-me convidá-la?
Cláudia:
- Aceito. Temos o nosso refeitório, onde nos podemos sentar um pouco.
Thomáz:
- Óptimo, já me vazia falta. Sabe Cláudia, sou um viciado em café.
Cláudia: Assim foi, sentámo-nos no refeitório e bebemos o café sendo que, pelo meio, como que adolescente, tentei estabelecer um diálogo mas...a confiança ainda é curta e uma certa timidez que se revela, impedia-me de olhar para o Thomáz e estabelecer conversa, que mais não podia ser, senão e, apenas, sobre trabalho, pensava eu, até que o Thomáz, num repente me pergunta.
Thomáz:
- Cláudia, posso tratá-la por tu? Se não levar a mal e já que vamos estar todo o dia, todos os dias, em contacto um com o outro e no mesmo departamento?
Cláudia:
- Claro que não, porque não?
Não que Cláudia estivesse incomodada, mas notava-se nitidamente o seu rosto corado e um movimento de mãos, esfregando-se uma na outra e suadas. O seu café, ainda estava a meio, causando embaraço e originando outra pergunta do Thomáz.
Thomáz:
- Cláudia, não terminas o teu café?
Cláudia:
- Haa…ah, não, já não me apetece mais e... já está frio.
Thomáz:
- Eu vou buscar outro.
Cláudia:
- Não, não Thomáz, deixe…quer dizer…deixa. Não me apetece mesmo.
Prontos para se levantarem e continuarem a tarefa, eis que são surpreendidos pela entrada do director no refeitório que, em voz alta, logo pergunta.
Director:
- Já vão embora? Já agora esperem um pouco.
Cláudia ficou pior do que estava. Mãos frias, suadas e agora um tremor nas pernas, acompanhado de uma “súbita” vontade de ir à casa de banho. Contudo, interrogava-se:
Cláudia: Calma, calma Cláudia. É apenas o director, que mal tem isso?
O director pega numa água com gás, chega-se à mesa e, com elegância, pergunta:
Director:
- Posso fazer companhia?
Cláudia:
- Claro Sr. Director.
Director:
- Fernando. Cláudia, trate-me por Fernando.
Cláudia: Meu Deus. Que faço?
Levou a mão ao bolso e apertou a pedrinha...
.

agosto 26, 2010

apenas um tempo...

Não, não faz parte do conto que tento idealizar.
Quero pedir-vos um tempo, um tempo que me ajudará na caminhada do regresso.
Não quero, por isso, que pensem que se trata de "desistência", é apenas um tempo, o suficiente para virar a página de um livro de vida, que teima em terminar.

até

agosto 21, 2010

se eu fizesse? (III)

Sabendo que os dias não são todos iguais, aí estou eu, na rua, para me dedicar a mais um dia rotineiro. Bem agasalhada, porque o tempo não está de grandes calores estando, até bem diferente ao de ontem, na temperatura.
- Ah… tenho de voltar a casa, esqueci a minha pedra.
Acelera seu passo, entra em casa e levanta a almofada…
- Eu sabia que estavas à minha espera…não imagino perder-te.
Beija a pedra, coloca-a no bolso de suas calças e sai, agora, mais completa para começar o dia de trabalho.
Já bem perto do escritório primeiro, a pastelaria do Sr. João. É ali, que todos os dias toma o pequeno-almoço.
- Bom Dia Sr. João.
-Olá Bom Dia menina Cláudia. Vai o costume?
- Sim, para não variar. Obrigado.
(Trata-se de um copo de leite bem quente e um pãozinho de Deus com um pouco de manteiga). Sentei-me, até porque ainda faltava uma meia hora para entrar no escritório e, entretive-me a observar aquele mundo de gente. Uns mais apressados que outros, por sua vez, outros conversando num timbre de voz que quase causa arrepios. Conversas de futebol, de mulheres e homens, do dizer mal deste e daquela, enfim, um mar de vida.
Leva a sua mão ao bolso das calças e retira a pedra. Cheira-a, beija-a e esfrega-a, suavemente nas mãos...
- Aqui está o seu pequeno-almoço menina.
- Ah…obrigado Sr. João.
Remete a pedra novamente ao bolso e começa a comer. Entretanto...
- Olha, o meu colega.
Levantando o seu braço, faz-lhe sinal para que se fosse sentar e assim foi. Acompanhado da sua bica, sentou-se e lá demos dois dedos de conversa. O suficiente para o tempo passar a correr. Saímos e dirigimo-nos ao escritório.
E…
Uma surpresa logo de manhã e para mim.
Ainda não me tinha sentado e sou abordada pelo meu Director, acompanhado por um outro senhor.
Diz-me o Director:
- Bom Dia Cláudia, apresento-lhe o Sr. Thomáz.
Entra hoje para a empresa e vem ocupar o lugar vago junto de si.
Delicadamente, levanto-me e cumprimento o Senhor e depois o meu Director que, de imediato me diz:
- Cláudia, quero pedir-lhe que ajude este nosso, novo, colaborador. O identifique do que se pretende e lhe dê uma apresentação, o mais apurada possível, sobre a empresa. Gaste o tempo que achar necessário, para que nada possa escapar. Quero o Thomáz bem conhecedor de quem somos. Deixo-o nas suas mãos, até já.
Assumi a função mas... não sem antes reparar o quanto o meu Director me observava.
O seu olhar, fora do habitual, os seus olhos, a fixação em mim, por vezes o parecer interromper a sua conversa e, naquele curto silêncio, o seu olhar como se fosse a primeira vez que me via.
Não posso dizer que tenha ficado incomodada, mas...
Quer dizer…fiquei. Algo de diferente notei e em mim penetrou... e ficou.
.

agosto 17, 2010

se eu fizesse? (II)

Não obstante o prazer de caminhar naquela praia, surge, como que uma obrigação, virar-se para trás e começar a fazer o caminho de regresso.
Para sua satisfação, outras belezas se lhe proporcionam. O dia já vai longo e o Sol, se vai escondendo. O mar, esse, não se esconde, mas se apresenta leve, calmo, sereno e mantém o perfume a maresia. Esta calma deixa transparecer um agradável reflexo que quase lhe toca e a envolve com a sua cor abrilhantada. O Sol, aquele que se esconde, mas que, ainda, lhe oferece luz e desenha seu corpo na areia.
Os pensamentos, mais ricos, fazem com que as suas passadas se tornem mais apressadas. Ela volta para sua casa com justificada razão para tanta alegria. Tudo o que de bom, seu corpo absorveu e a pedra, agora, bem quente no calor da sua mão e, ainda, sempre, encostada no seu peito, pronta a ser colocada debaixo da almofada da sua cama e, adocicada de sabores que são seus desejos. Tem, assim, o ânimo de enfrentar o peso de mais uma meia dúzia de dias que tem pela frente. Como serão? Ela não pode saber, ela não quer saber. Ela apenas sabe o quanto ganhou com o dia de hoje.
Veste o seu pijama, deita-se e acomoda a sua cabeça, o seu rosto, na suavidade da almofada. Finalmente e já na tranquilidade da noite, com um gesto, esperado, leva sua mão para debaixo da almofada…
alguém que deseja, está lá.
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agosto 13, 2010

se eu fizesse? (I)

Descalça, calças arregaçadas, encharpe tapando sua camisa branca, mas protegendo seu corpo de uma aragem, pura e fria, ela caminha pela areia da praia, vazia, onde se pode sentir um maravilhoso salpicar, tocando em sua cara e dando o sabor de um mar bravio e salgado. Um cheiro a encanto, perfume maresía e ondas de uma espuma, que mais parece neve em derrocada, contrastando com o som de uma melodia, conjunta, de água e uma gaivota, de asas bem abertas, voando, planando, contra o soprar de um vento forte, que não impede sua mestria e atenção, na procura do alimento que o mar azul e quase transparente, lhe ofereçe. É um caminhar de pensamentos, onde a beleza, infinita, lhe dá a tranquilidade de, a cada passada, desenhar na areia, seus delicados pés que resumem um presente e um passado, que depressa se vai apagando engolido pelo mar, resultado de ondas, também elas, desfeitas.
Abraçada ao seu corpo e sentindo a sua leveza, que cresce consoante o seu querer, deixando seus cabelos esvoaçarem e seus olhos lacrimejarem, nada consegue sobrepor-se a este paraíso, vazio e tão cheio.
As suas passadas continuam e o observar ilustra-se. Sente que algo pisou, era uma pedra, apenas uma pedra, baixa-se e apanha-a. É branca, lisa, aveludada, sente o seu aroma, sua frescura e o seu silencio. Olha-a fixamente, fecha-a na sua mão e, respirando bem fundo, aconchega-a, apertando-a ao seu peito.
.

agosto 10, 2010

gostava...

Gostava de ser poeta
e viver com as palavras,
juntos numa caverna.
longe de linhas amargas.

Gostava de ser poeta
dar brilho a uma estrela,
a uma palavra.
conhecer todas as letras
dando-lhe um nome, para merece-la.

Gostava de ser poeta,
saber escrever todas as palavras.
dar força à minha caneta,
liberta de tantas amarras.

Gostava de ser poeta
e ser amado pelas palavras.
sentindo o seu amor,
quando as vejo conjugadas.

.

agosto 07, 2010

o encontro...

tenho encontro marcado,
com o céu e com o mar.

não quero atrasar.

visto-me a rigor,
e há quem diga...
em tons de amor.

olho-me ao espelho,
não gosto do que vejo.
meu rosto corado,
por este encontro marcado.

não quero atrasar.

tenho o céu e o mar,
num esperar.

cheguei, vou entrar,
deixo meus olhos procurar
e meu rosto, não pára de corar.

mas...lágrimas começo a soltar
e meus olhos,
ansiosos por fechar.

tenho encontro marcado
com o céu e com o mar.

onde podem estar
e não os encontrar?

todos presentes
e só eles ausentes.

saio a porta, do desencontro,
triste com o desconforto.

caminho e alguém me chama.

olho para o alto
e vejo o céu.
olho em frente
e vejo o mar.

deixei de corar, de lagrimar.
começo a sorrir, acabaram por vir.

digo-lhes... vamos entrar?
e dizem-me,
não podemos.
então? porque não?
a vossa beleza irradia,
o perfume, é maresia,
contagia,
é magia.

mas não vês?
só aqui fora é o nosso lugar.

não podemos entrar,
e é contigo que queremos estar.

FICAS?

.

agosto 04, 2010

nada...

perdido,
na madrugada,
conto passos
pela estrada
e tento encontrar,
o que não vejo,
com nada.

sózinho,
tenho o longe
comigo
e neste escuro,
caminho...
sem sentido.

procuro um abrigo
dito,
naquela rua,
nua,
sem brilho,
sem Lua...
crua.

perdido
e sem nada,
vagueio
eternamente,
nesta estrada da madrugada.



(autor sérgio figueiredo)
.

agosto 02, 2010

com tempo...

fico atento...
ao tempo,

com pouco me contento,
com mais...
nunca é demais.

durmo...
com ele,
acordo...
a vê-lo,
não posso esquece-lo.

vivo...
com o tempo.
a ele...
estou atento.

.

julho 30, 2010

lotação esgotada...

Fizeste-me sorrir... Rir.
Gargalhadas sentidas e choradas.

Ainda hoje...
Sei que estás a partir,
outra plateia te chama,
mas fazes-me sorrir...
Estive a rever a "Treta"
de uma conversa...
Eh...eh...gosto de te ouvir.

Tens lotação esgotada,
na plateia que te chama.

Vá, mostra o que és,
levanta-me esses pés...
sai-me dessa cama.

Tens lotação esgotada...
na plateia que te chama.


A minha Modesta homenagem
a um homem grande... António Feio.

(autor: sérgio figueiredo)
.