novembro 30, 2010

se eu fizesse? (XIII)

Cláudia:
- É assim que tem sido o meu dia.
Para além de estar a dar formação ao Thomáz, sempre que regresso ao meu posto de trabalho tenho uma surpresa... perturbante.
Ivone:
- De facto, não posso dizer que seja normal. Que tens motivos para estares nesse estado, mas o mais intrigante, ...
Cláudia:
- É, é alguém meu colega, se é o que vais dizer. Isso é a única certeza que tenho, e daqueles que são do meu núcleo de amizade mais chegado. Daqueles que me conhecem bem, com quem partilho "palavras que são letras minhas", mas quem? Não são muitos, mas são alguns e é isso que me perturba. Em nenhum deles, se evidencia um "tique" que me faça desconfiar.
Ivone:
- É, é mesmo uma situação estranha, mas apaixonante po...
Cláudia:
- Ivone? cala-te, pára de gozar comigo. Assim não me ajudas, não alivias a minha angústia.
Ivone:
- Pronto, pronto... acalma-te.
Diz-me uma coisa... Por acaso esse grupo de amigos, são só... os amigos, aqueles, aqueles... "os", ou também "as"?
Cláudia:
- Nem quero acreditar. Estás doida de todo, parvinha é o que és. Estás a perguntar-me se isto não poderá ser obra de uma... nãooo, não acredito no que oiço. Decididamente, estás mesmo a brincar comigo. Só me faltava essa, serem coisas de uma amiga que se apaixonou por mim. Uma mulher, haa... ai, tem juízo Ivone, queres mesmo aborrecer-me?
Ivone:
- Porque não? É assim tão estranho?
Cláudia:
- Ivone, tás louca? Tu sabes o que estás a dizer?
Ivone:
- Não é nada do outro mundo. É???
A loiça está na máquina, agora vou sacudir a toalha.
Cláudia:
- Pára, deixa lá a toalha e senta-te, mas sem babuseiras senão... senão corro contigo.
Ivone:
- Sim, vai falando que eu oiço. É já aqui na varanda, ninguém vê... olha, os putos na rua, é que andam a brincar contigo. Toma, uma bolinha de papel que estava ali. De papel, mas pesada.
Cláudia:
- Alguma pedra, e capaz de me partir um vidro. Deixa lá ver o que é este peso.
Ivone:
- Coitada, como tu estás. Agora já vês pedras embrulhadas em papel.
Olha, em que gaveta arrumo a toalha? Cláudia, oonnnde arruuummmo a toalha? Olha lá...
Cláudia:
- Olha? Então "Olha" tu... lê, lê e diz-me se ainda falta muito para a meia-noite, ou se o dia ainda está para durar e as dedicatórias a continuarem.
Ivone:
- Pois... Provávelmente o apaixonado não dorme. Que sorte a tua, aiii... deixa ver.
.
"Sem o teu calor, a tua companhia…
sou maré vazia.
Tudo que nela vivia, desaparecia,
não se sentia, nada mais existia.
Só Tu, és o rosto da sua alegria,
que em toda ela se via, a preenchia.
.
Dá a Ti, uma gota pensante.
Chama-me com esse teu semblante,
apaixonante,
onde me vejo teu amante…
Acariciando-te,
com a suavidade que o teu corpo me conjuga…
desejando-te.
Louco, envolvendo-te,
explorando-te incessantemente,
dando cor ao teu olhar, cativante,
brilhante,
que expressa o teu desejo que eu me liberte...
desta vazante,
dizendo-me…
Sim, sê meu amante".
.
Huuaauuu...Cláudia.
Mas... e pronto, que raio, mas lá estás tu agarrada a essa "pedrinha".
Afinal que pedra é essa que está sempre contigo? A que estava na varanda não serve?
.
P.S. Vou-me esforçando para vos comentar. Por enquanto, só vos visito e leio. É o que vos posso oferecer. Não se aborreçam, compensarei.

novembro 14, 2010

se eu fizesse? (XII)

Ivone:
- Cláudia, que se passa? De joelhos, na rua, a fazer o quê?
Cláudia:
- Ai Ivone, desesperada com o que me anda a acontecer. Vê, ainda não limpei tudo e percebe-se do que falo. Tem sido todo o dia, de várias maneiras.
Ivone:
- Mas, estás a dizer-me que alguém se... não, declaração de Amor? Eu conheço, é aqui da empresa?
Cláudia:
- Se mo disseres tu, eu agradeço. Deixa-me só acabar de limpar isto e já vamos falar.
Ivone:
- "A Flor...? Guarda-a e sente o meu amor". Huumm...
Cláudia:
- Ivone por acaso não estás a gozar comigo não?
Quando te contar tudo, eu quero ver o que vais dizer.
Ivone:
- Amiga, claro que não te estou a gozar. Est...
Cláudia:
- Pára... deixa-me ver se consigo disfarçar isto e já vamos conversar com mais calma se é que conseguirei estar calma.
Ivone:
- Pronto...pronto eu espero. Não stresses.
Ohh... a Flor desprezada em cima do carro. Aiii... que cheirinho bom e não é da flor. É perfume de homem e olha que só este cheiro... até a mim me deixa doida.
Cláudia:
- Decididamente não deixas de me gozar.
Ivone:
- Ok... eu calo-me, mas olha que não retiro uma letra ao que disse.
Cláudia:
- Finalmente... está disfarçado. Pelo menos já não se vê a escandaleira que aqui estava.
Ivone:
- Ingrata... Já me calei outra vez.
(Cláudia): Agora? Bem, vou pedir ao segurança que me deixe ir à casa de banho. Nahh...o melhor é ir para casa e tomar um bom banho. Isso...
Cláudia:
- Ivone, vamos para minha casa fazemos qualquer coisa para comermos e falamos com mais pormenor. Achas bem?
Ivone:
- Minha querida, excitada como estou, tu é que mandas. Eu quero é saber tudo.
Cláudia:
- Então vamos, levamos os dois carros porque, hoje, já não quero sair de casa. Quero descansar, sossegar esta cabeça.
Ivone:
- Minha querida, huum... ainda não sei de nada, mas a tua cabecinha ferve.
.
Cláudia:
- Bom, vou tomar um duche rápido. Faz o que quiseres enquanto esperas. Vai ao frigo e come...
não, podias ir adiantando e ías pondo a mesa, mas come sim.
(Cláudia): Ahh... que bom. Só este duche... vamos ver se recomponho esta cabeça. Ainda não consigo assimilar o que anda a acontecer. Estou a ficar paranóica, mas uma coisa sei... é alguém da empresa. O inacreditável é não conseguir associar uma pequena desconfiança e isso... ahh que bom este duche. Se não fosse ter a Ivone, bem que ficava aqui.
Ivone:
- Bolas, ía ver se tinhas adormecido na banheira.
Vá...vá, começa a dar à língua.
Cláudia:
- Deixa pelo menos ver o que vamos fazer para comer.
Ivone:
- Não é preciso, já bisbilhotei o frigorifico e já tenho uma lasanha no forno. Pode ser? Não vale a pena dizeres que não... já está. Talvez uma salada para acompanhar... Puxa Cláudia, começa a falar e deixa o comer. Olha... não é para mim, mas acho que já esgotei o cheirinho da flor, tantas são as vezes que a cheiro.
Cláudia:
- Para ficares já a fazer uma ideia, são bilhetes com poemas, é a flor, mas essa já conheces e, esta nem vais acreditar...
Ivone:
- Conta, conta que eu estou a ficar em choque. Caraças... eu não tenho a tua sorte.
Cláudia:
- Acreditas que este, este... este incógnito foi ao ponto de alterar o fundo do ambiente de trabalho do meu PC e...
Ivone:
- Ai a lasanha... bolas.
Cláudia, ainda tens fome? Eu já dispensava... estou sem tempo para comer, quero ouvir-te. Continuaaa... mulher, estás mesmo lentinha de todo.
Cláudia:
- Calma, dá-me tempo para... Ivone, ou queres saber tudo em pormenor ou...
Ivone:
- Ok, entendi. Olha, a lasanha está pronta, vamos comer.
Pareceu-me ouvir o teu telemóvel.
Cláudia:
- Deve ser a minha mãe. Vai-te servindo que eu não demoro.
Ivone:
- Tá, mas despacha-te. Estou a ver, por este andar, que hoje já não fico a saber mais nada.
Cláudia:
- É...? Tens a certeza? Então lê essa mensagem... tomaaa, segura no telemóvel e lê.
Ivone:
-
"A noite só é bonita...
iluminada pelo teu corpo.
É...És a estrela que mais brilha,
mostrando que o céu não está morto.
Vagueio nesse "espaço"... com vida
e anseio beijar-te numa loucura... desmedida.
Acariciar esse brilho... sedutor,
sentir a tua pele, o teu calor...
e ferver...
envolvendo-te com o meu Amor..."
.
Está anónimo, o número.
Cláud...
Cláudia... Que estás a fazer? Aí sentada, com essa cara e a beijar essa Pedrinha?
.
P.S. Peço desculpa a todos os Amigos que me visitam, pela ausência da minha retribuição. A saúde trai-nos, como expresso no meu blogue da Bipolaridade. É em esforço que actualizo este blogue, mas é a minha "terapia" e tinha de o fazer.