outubro 18, 2010

se eu fizesse? (X)

Cláudia:
- Bom... Thomáz, as apresentações estão feitas. Penso não ter esquecido nada nem ninguém, claro, menos quem está ausente, mas tudo que havia para conhecer, foi revelado. Agora, vem o mais importante. Toda a nossa atenção vai ser determinante aqui, no nosso departamento.
Temos de ser rápidos, por outro lado, demore o tempo que precisar para ficar, tanto quanto possível, o mais esclarecido, não deixando as dúvidas consigo. Perguntas... faça-mas quantas quiser.
Thomáz:
- Cláudia, para já quero agradecer a sua entrega, admiro o seu profissionalismo. Quanto ás perguntas, sabe que irão ser muitas, mas sei que compreende e posso contar consigo. Estou confiante. O Fernando ficará contente connosco, o departamento vai funcionar como ele quer.
Cláudia:
- Então vamos a isto.
Thomáz:
- Cláudia, se não for pedir muito, deixa-me ir buscar um cafézinho?
Cláudia:
- Claro.
Thomáz:
- Sabe, o café liberta-me deste nervoso. Quer um para si?
Cláudia:
- Para mim não, obrigado, e não há motivo para estar nervoso. Tem competência para assumir o que lhe é pedido. Olhe... as horas passam sem dar-mos por elas e já falta pouco para terminar este dia. Prepare-se para o amanhã, mas até lá... trate de descontrair.
Tomáz:
- Ehhh... tem razão. Nem se dá pelo tempo. Vou mesmo arranjar maneira para descontrair.
E a Cláudia? Ah... Desculpe a pergunta.
Cláudia:
- Não faz mal. Não sou de formalismos, como já deve ter visto.
Hoje, saio daqui meto-me no carro e vou jantar com uma amiga. Fazemos muitas vezes isto, é já um hábito nosso. Moramos as duas sózinhas e assim, olhe, é como disse, descomprimir... e hoje bem preciso.
Thomáz:
- Está estoirada, por minha causa?
Cláudia:
- Ahh... não diga isso. São outras coisas, nada consigo, Thomáz.
Bem, já lhe dei essas pastas e aí pode ver os nossos fornededores. É importante começar a ver com quem nos relacionamos e o peso que cada um tem para nós. Aqui, no departamento, o nosso trabalho é a relação da empresa com eles.
Thomáz:
- Nomes de grandes empresas. Revela a importância da nossa.
Cláudia:
- Thomáz? Hora de sair. Amanhã começará a ser mais pesado. Vá... e deite fora esses nervos.
Thomáz:
- Sim, e a Cláudia?
Cláudia:
- Não vou demorar. Vou só enviar um mail e corro até à porta de saída.
Thomáz:
- Tem a certeza? Não precisa de qualquer ajuda?
Cláudia:
- Até amanhã... fuja daqui que está na hora.
Thomáz:
- Bom, se assim é... até amanhã, Cláudia.
Cláudia:
- Até amanhã, Thomáz.
(Cláudia): Bem, vamos lá. É só enviar este mail, ir à casa de banho e vou aliviar a minha cabeça. Hoje foram muitas emoções.
Pronto... está tudo. Ahh... a chave do carro? Já cá ficava.
Ora... já nem me lembro onde o estaci... está ali. O comando e... vamos embora. Oh... um papelinho na porta. Lá vêm os compradores de carros, ou os astrólogos... deixa ver.

Passeava por caminhos do nada
e uma voz, subitamente, suava.
Não percebia o que dizia,
mas senti que cantava
e encantava.
Olhei...Olhei
e cego continuei.
Cada vez mais perto,
cada vez mais alta.
Algo me estava em falta
e começava a doer.
Continuava alta e eu,
sem nada ver.
No ar, um perfume
e dentro de mim, só lume.
Cada vez mais perto,
cada vez mais alta.
O perfume em mim se entranhava
e eu, cansado,
nem sei onde...
descansava.
É aí que sinto,
beijando o meu ouvido,
já num tom gemido,
uma voz a sussurrar-me.
Queria dizer...
amar-me,
sentir as minhas mãos tocar-lhe.
Virei-me e uma flor... vi.
Inclinou-se, de novo,
ao meu ouvido e disse-me...
Fica comigo,
sou tua,
ou leva-me contigo.
.
DIZ-ME QUE ÉS TU, CLÁUDIA
QUE NÃO FOI UM SONHO
.
(Cláudia): Telemóvel, onde estás? Encontrei... atende vá. Amiga? Vem ter comigo. Estou à porta da empresa. Não perguntes nada e vem... rápido. Aiii...
Pedrinha... e tu?
.

10 comentários:

sonho disse...

Continua cada vez mais envolvente...
Beijo d'anjo

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido amigo
desejando saber o fim da história, que está cada vez melhor...e o poema é maravilhoso.

Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora

São disse...

Gostei muito do poema.
Um bom final de semana.

Baila sem peso disse...

Diálogos de um quotidiano
com enredo a ficar no ar...
e as gentes a perguntar:
- Será, que é o Fernando?
- Será que é o Thomáz?
- Ou será que existe alguém por trás?
E a pedrinha continua caladinha
derretida por certo com a poesia
que a Cláudia recebe
e que nervosico...que agonia...
srsrsrsrs

bom fim-de-semana
beijitos

OutrosEncantos disse...

Gosto desses recados em forma de poema, secretos, criam suspense, inquietação, para além de serem lindos. E esse apelo final, sussurrado no ouvido... bem...!

E o conto vai-se desenrolando no ritmo normal. Segunda feira, começa o trabalho a sério...!

E vamos ter muito que sofrer, não é?! O mistério não pode desvanecer-se, senão acaba a história.... rss

Amei, sobretudo o poema :-)
Beijo, Sergio.

JB disse...

É todo um crescer na emoção... que culmina num poema belíssimo. Mas continuamos na expectativa da Pedrinha, e agora na possibilidade de ser um sonho!
Se for sonho é bom que alguém se apresse a vivê-lo, porque na forma como o descreves... está bem vivo no sentir das tuas palavras!
Por vezes, o olhar é cego e a voz muda no brotar desse desejo de amar.

Neste capítulo aprimoraste o murmúrio do conto que nos ofereces a ler.

Beijinho

Luna disse...

gosto da forma como escreves, prendes o leitor, vou continuar a seguir a história
beijinhos

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido amigo
Esperando mais um capitulo da história, vou passando.

Beijinhos
Sonhadora

OutrosEncantos disse...

Lindo esse video, apeteceu levar.
'tou sentindo a tua falta lá no meu canto.
Beijo.

MagyMay disse...

Será que a pedrinha fala e escreve?

Isto é lindo nem interessa saber quem é quem; interessa sim o encanto deste conto.

Beijo